Nos meus tempos de solteiro, fui uma vez passar o carnaval com uns amigos numa cidade que, nesta época, virava uma espécie de Salvador por causa da animação dos trios elétricos, blocos e muita azaração.
Ficamos na casa dos familiares de um dos amigos, que não se importavam com a bagunça que fazíamos, pelo contrário, parecia que casa cheia e barulhenta era o combustível da alegria deles.
Como em todo carnaval, tivemos muitos momentos engraçados e tensos, protagonizados por mulheres ciumentas, bêbados que não sabiam beber, gente que acordava totalmente pintada, histórias de pegações frustradas, e tantas outras que renderiam felizes lembranças se não fosse por um mancha irremovível.
Ocorreu um fato neste carnaval, que tacitamente, todos concordamos em não comentar enquanto vivêssemos. Porém, como a maioria não se vê há anos, e muitos perderam contato completamente, tomei coragem para quebrar o silêncio.
Teve um bloco das piranhas, no qual todos participamos vestidos a caráter e engrossando a massa suada, alcoolizada e ridiculamente engraçada.
Como se não bastasse um bando de homens se esforçando - outros nem se esforçavam tanto, já tinham um dom natural - para imitar mulher, tinha outras excentricidades, tais como fantasias de baianas, ou peitos e bundas de plástico vagabundo, biquinis fio-dental e tantas outras fruto da criatividade dos foliões.
O mais ousado era um magricelo que vestia uma mini-saia com um mecanismo que ao levantar a saia, apresentava um pênis enorme por baixo feito de papelão, pintado precariamente e mal acabado, o que arrancava muitas gargalhadas do público.
Mas essa não foi a reação da então namorada de um dos amigos que estava por lá: ciumenta a ponto de estar grudada ao namorado até no meio do bloco, ela o largou ao ver aquele falo mal feito.
Em vez de gargalhar como todos, ela fixou seriamente um olhar estranho, hesitou por um tempo, e terminou por agarrá-lo fortemente.
Em vez de gargalhar como todos, ela fixou seriamente um olhar estranho, hesitou por um tempo, e terminou por agarrá-lo fortemente.
Claro ficou naquele momento, que ela não havia feito o que fez como forma de recriminação por ofensa à moral e aos bons costumes, ao contrário, o que a levou aquele extremo era tão primitivo, que era anterior ao senso de pudor ou moral que hoje temos. Era mais uma demonstração do instinto atropelando valores e conceitos.
A impressão que eu tive foi que, abruptamente, a bateria se calou junto com as pessoas e, todo o planeta silenciou boquiaberto diante daquelas mãos famintas, agarradas animalescamente ao pênis de papelão do rapaz, devassado na sua dignidade.
Um mal estar tomou conta de todos: do namorado dela, do dono do pau, de quem presenciou aquele impulso e dela mesma após se recuperar da irresistível excitação do momento.
Ninguém nunca comentou sobre o ocorrido, acho que nem o namorado cobrou alguma explicação e até nos esforçamos para nem lembrar daquela cena carregada de constrangimento.
A impressão que eu tive foi que, abruptamente, a bateria se calou junto com as pessoas e, todo o planeta silenciou boquiaberto diante daquelas mãos famintas, agarradas animalescamente ao pênis de papelão do rapaz, devassado na sua dignidade.
Um mal estar tomou conta de todos: do namorado dela, do dono do pau, de quem presenciou aquele impulso e dela mesma após se recuperar da irresistível excitação do momento.
Ninguém nunca comentou sobre o ocorrido, acho que nem o namorado cobrou alguma explicação e até nos esforçamos para nem lembrar daquela cena carregada de constrangimento.
E assim, nosso carnaval foi jogado nas profundezas do esquecimento até esse momento.
3 comentários:
Primeiro entrei aqui para seguir o blog, mas a "paradinha" de seguir não está carregando =(
Vou acompanhar com calma os fatos deste blog... farei comentários depois que eu ler! Beijos
Eu sabia que teu passado te condenava!!! kkkkkkk
Esse Baltazar, a cada dia que passa, nos surpreende mais!! Baltazar, o Agamenon perto de você não é nada!!Rsrsrsrs!!
ASS:AUGUSTO/ALVARO
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