quarta-feira, 8 de agosto de 2012

fadados ao fracasso





Ontem quando ia para o trabalho, vi uma barata na calçada desesperada procurando um lugar seguro pra se abrigar.

Estranhei o fato daquele inseto, que normalmente é visto à noite, sair à rua pela manhã no meio da calçada de uma rua pública, onde se transita centenas de pessoas pisadoras de baratas naquele horário.

Daí me passou, em fração de segundos, as seguintes indagações:
- seria essa barata uma irresponsável que perdeu a hora de voltar para casa depois de uma noite de esbórnia em alguma lixeira? 
- ou um adolescente que estava fazendo um rito de passagem onde tinha que enfrentar os riscos de uma rua cheia de gente, para provar sua coragem? 
- talvez estivesse encarando todos os perigos para dar o último adeus a uma amiga, cônjuge ou parente que ficou esmagada em algum lugar daquela caçada? 
- ainda poderia ser uma condenada da justiça baratal sentenciada à morte por sapatos?
- ou o pior: o início de um comportamento novo e crescente entre elas revindicando o mundo acima do esgoto?

Levando em consideração que a barata está neste planeta há mais tempo que muitas criaturas e muito antes do homem, tal comportamento pode ser parte da sua evolução, que assim como o homem evoluiu do macaco, elas poderiam estar caminhando para algo mais completo com inteligência, força e organização.

Numa guerra contra baratas evoluídas, estaríamos fadados ao fracasso, já que o homem não é páreo para um animal que possui 6 membros, 2 antenas, asas, que aguentam fome e sede por semanas, geram milhares de descendentes por ano (apenas uma fêmea), se adaptam aos lugares mais inóspitos, sobrevivem à cataclismas naturais e até bomba atômica.

Seríamos escravizados por elas, obrigados a aprender sua língua, produzir seu alimento, trabalhar em suas obras faraônicas, cuidar da sua higiene, lazer, saúde... ainda seríamos seus animais de estimação e de carga.

Sem inimigos naturais e com ótima qualidade de vida, elas tenderiam a evoluir cada vez mais, vindo até a caminhar sob duas pernas, ser bem maiores que o homem e se organizarem com política, justiça, religião, educação e cultura.

Até o dia em que elas não precisariam mais de nós, e nos caçariam como animais nojentos, comedores de restos, transmissores de doenças, não nos restando outro lugar seguro senão o esgoto.

Então não perca a oportunidade de pisar em toda barata nojenta que encontrar, antes que ela faça isso em você.

E nós nem sabemos andar pelas paredes.