quarta-feira, 9 de novembro de 2011

é isso que o sono faz

Quando eu era criança eu lia muito as crônicas "Para Gostar de Ler" que reuniam algumas de cinco ou seis  renomados escritores.
Li uma vez uma que falava de uma piada (acho que era piada) que o autor contava para alguém que de tão boa, acabava se espalhando que nem fogo no capim seco. Acabou rodando entre as mais variadas pessoas, de diferentes classes sociais, idades, profissões, regiões... a piada ia do convento aos prostíbulos. Quando por fim, alguém contou de volta para o próprio autor, lhe perguntaram entre sorrisos quem a teria inventado e ele respondeu que também não sabia.

Quando li isso a primeira vez, pensei se fosse eu o autor da piada eu teria dito que fui eu quem a inventou, que era minha, que eu merecia todo o mérito por ela.

Assumo que ainda penso assim, não alcancei esse grau de desprendimento das coisas. Ainda associo meu valor ao que o outro pode atribuir. Pelo menos já identifico.

Mas o que é interessante nisso é o dominio público que passa a ser dono de tudo que não tem dono e que pouco importa saber se tem, porque o objeto nesse domínio fica livre como o vento, como um vira-lata de rua, com vida própria, que se alimenta, que cresce, que se expande como uma epidemia, como um único organismo e que numa hora também, pára de circular.

Parece que todos estão mocumunados para dar vida ao que nem sempre é vivo ou tem corpo, para concorrer com o que tem e que é privado.

Somos todos cúmplices.

Chega, vou dormir.

Um comentário:

baltazar disse...

Fica triste não, Balta, eu posto alguma coisa pra te dar uma moral.